A Prática da Escalada Como Uma Ferramenta Para o Bem-Estar

por Barbara Duarte
A Prática da Escalada Como Uma Ferramenta Para o Bem-Estar

Quando comecei a escalar (lá no final do ano passado) não tinha ideia alguma sobre a influência deste esporte de aventura no meu bem-estar e comportamento como um todo.

Para ser honesta, a primeira vez (e tantas outras em seguida) em que fui a um ginásio de escalada indoor – aqui em São Paulo a famosa Casa de Pedra, com unidades em Perdizes e Moema, é a mais completa – voltei com aquele sentimento de frustração por não ter conseguido chegar até metade da parede de gradação de nível mais baixo. Mas a realidade é que, mesmo me sentindo frustrada e bem dolorida nos dias seguintes às tentativas sem êxito do meu início no esporte, eu queria continuar voltando e nem entendia bem o porquê dessa estranha vontade.

Entre idas e vindas, semanas com treino a mais, outras sem treino, foi apenas em março deste ano que comecei a levar a prática da escalada mais a sério e passei a contar com a ajuda preciosa de um treinador para me orientar, afinal a escalada precisa de força, mas também de técnica. A movimentação requerida durante a atividade é diferente de tudo que fazemos no nosso dia a dia e para aprender é preciso frequência no ginásio.

E O Que É Necessário Para Escalar?

Para começar é tudo bem simples: você pode alugar o equipamento no próprio ginásio, sendo basicamente uma cadeirinha e uma sapatilha. Escalar de tênis é possível? Sim, mas não recomendado pois não proporciona o mesmo equilíbrio e firmeza ao subir a parede. O solado do tênis é grosso para o tamanho das agarras, assim a sapatilha acaba sendo a melhor opção mesmo. Ao longo do tempo você vai descobrindo para que serve cada modelo do calçado e qual é mais indicada para seu estilo, mas isso é conversa para níveis mais avançados e no início, uma sapatilha comprada em lojas como a Decthlon mesmo já pode te ajudar bastante.

Fora isso, o pó de magnésio é também fundamental para secar o suor das mãos e dar melhor pegada nas agarras. Há uma versão líquida deste pó e eles são facilmente compráveis nos ginásios ou lojas especializadas.

Com estes 3 equipamentos básicos você já está apto a escalar com segurança e conforto. Lá no ginásio você contará com uma orientação rápida sobre o procedimento de Seg (segurança), como ajustar a cadeirinha ao corpo e voilá! O resto é com você. Se for sozinho, logo um monitor cuidará de juntar você à outra pessoa sozinha e a dupla estará formada. Se for em dupla ou em grupo, melhor ainda, pois escalar com quem já conhecemos é muito bom.

A Prática da Escalada Como Uma Ferramenta Para o Bem-Estar

E O Quê a Escalada Tem a Ver Com Bem-Estar?

Voltando agora para o título deste post: por que a escalada é tão viciante e incrível para nos fazer sentir bem? Aqui vão as respostas:

1 – ela mexe não só com o corpo mas também com a mente – escalar coloca à prova nossas limitações, medos, a temida ansiedade, stress, enfim, aquilo que achamos que podemos ou não podemos fazer. Se a escalada usa todos os músculos do corpo, usa mais ainda nosso cérebro. Se superar faz parte do jogo da escalada.

2 – escalar requer músculos que sequer você sabia que possuía – é isso mesmo que você leu! O antebraço será a sua parte mais dolorida no dia seguinte ao início dos seus treinos e será o momento em que você descobrirá que está escalando um tanto quanto de forma errada pois os braços não devem ser a estrela principal da escalada e sim suas pernas, mas isso você só vai “pegar” com o tempo e a prática. No início seu antebraço vai doer bastante, sim.
A escalada ainda usa seu core (os músculos que envolvem abdômen, coluna etc), pernas, panturrilha, braços, costas, ombros, ou seja, não sobra muita coisa de fora desse combo.

3 – a escalada é um esporte coletivo – fazer novas amizades será parte do jogo. Mesmo que você opte pelos boulders, modalidade praticada individualmente, a real é que a escalada é bastante feita em dupla pois enquanto um escala o outro par fica no chão fazendo a segurança do amigo. Confiança aqui é fundamental.

4 – adrenalina pra que te quero – mesmo não tendo medo de altura a real é que o dia que fiz um exercício de escalar vendada, em uma época em que ainda era bem crua no esporte, quando cheguei no topo e desci até o chão em seguida, cheguei tremendo. Então, já sabe, adrenalina estará sempre presente.

5 – aumenta o foco na resolução de problemas – eu não disse lá no item 1 que a escalada mexe com nosso cérebro? É isso mesmo, pois na hora em que você vai subir o normal é que você estude a via, de modo que os movimentos sejam pensados antes mesmo do início da subida. A dificuldade de se chegar ao topo é o que move o escalador que vai tentar quantas vezes forem necessárias até conseguir. Isso faz com que nosso foco aumente (e muito), uma vez que o que interessa é conquistar o objetivo. Persistência é a palavra-chave do esporte.

6 – higiene mental – quando estamos na parede não pensamos em mais nada. Sabe aquele desafio da Yoga de limpar a mente? Aqui você consegue sem esforço, isso porque ao subir a primeira agarra seu cérebro passará, automaticamente, a não ver o que acontece lá embaixo e seu campo de visão será a próxima agarra e assim sucessivamente, fazendo com que o seu único pensamento seja: como eu vou fazer para conseguir chegar lá em cima se agora nem consigo passar para cima de onde estou?

Concluindo:

estão aí todos os motivos pelos quais eu me apaixonei pela escalada. Com o turbilhão que minha vida virou nos últimos anos (sim, os quarenta cobraram e vêm cobrando um alto preço emocional em mim), encontrar algo que me faça esquecer dos problemas, focar em algo, desestressar, exercitar o corpo, me fazer ser mais resiliente, é algo que não se acha todo dia em uma atividade só.

Eu já era apaixonada por exercícios de cardio quando comecei na escalada mas são atividades com propósitos totalmente diferentes, que visam mais o físico que o mental. É lógico que a endorfina produzida por uma hora de cardio faz a gente se sentir nas nuvens depois mas quando o exercício, além do corpo ativa seu emocional e faz com que você mude o enfoque da vida e suas situações, aí sim falamos de algo que tem um quê a mais que é tão precioso que não há como descrever o bem que faz.

Ainda tenho um longo caminho a percorrer na escalada. Preciso praticá-la em ambientes outdoors, alcançar graus mais altos, melhorar nos boulders, mas a real é que quero aproveitar demais o caminho até tudo isso acontecer, pois o legal é a jornada, é cada conquista e a sensação, absurdamente boa, de cada dia evoluir um pouco mais.

Você também pode gostar

1 Comentário

40 Anos. É Realmente Só um Número? - Barbara Duarte 09/11/2024 - 21:21

[…] Comportamento […]

Responder

Poste um comentário